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Bate-papo com os correspondentes da RFI Brasil pelo mundo para analisar, com uma abordagem mais profunda, os principais assuntos da atualidade.France Médias Monde
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  • Com convergência geopolítica e avanço na cooperação, Brasil e Índia reforçam aliança no Sul Global
    Jul 8 2025
    Com uma pauta ampla que inclui colaboração no combate ao terrorismo, cooperação agrícola e o papel estratégico do Brics, Índia e Brasil fortalecem suas agendas bilaterais e buscam se afirmar como alternativas à polarização das grandes potências. Nesta terça-feira (8), o presidente Lula recebe o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, em Brasília. Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília Brasil e Índia, integrantes do Brics, compartilham características marcantes: são democracias em desenvolvimento, com passados coloniais e desafios sociais e econômicos ainda significativos. A chegada do primeiro-ministro Narendra Modi a Brasília, onde firmará acordos de cooperação com o presidente Lula, reacende o debate sobre o protagonismo que essas duas nações — relevantes, mas historicamente fora do eixo das grandes potências — podem exercer no cenário geopolítico atual. Para analistas internacionais ouvidos pela RFI, Brasil e Índia simbolizam o fortalecimento do Sul Global em um momento de reorganização das relações internacionais. “Brasil e Índia, sem dúvida, fazem parte dessa tentativa de reposicionar as relações entre os países em um contexto global desafiador, em que mesmo a ordem internacional criada após a Segunda Guerra Mundial se mostrou insuficiente para resolver os problemas concretos da humanidade. Então, talvez, a solução possa vir do Sul Global, de países que nunca lideraram nenhuma ordem internacional hegemônica e que, exatamente por sofrerem com os efeitos colaterais dessas diferentes potências, conseguem pensar fora do óbvio, pensar políticas mais arrojadas”, afirma Carolina Pedroso, professora de Relações Internacionais na Unifesp. O especialista Jorge Ramalho, professor da Universidade de Brasília, ressalta que há “amplos espaços de cooperação a serem ocupados, em especial no que concerne à produção conjunta de medicamentos, ao desenvolvimento da agricultura familiar e à redução da pobreza, principalmente da fome”. Para ele, Brasil e Índia têm realidades distintas no âmbito regional, mas, quando se trata do ambiente global, há uma grande convergência de interesses. “Por estarem distantes fisicamente, há pouca possibilidade de conflitos entre os dois países. No plano geopolítico, contudo, há uma grande diferença entre a dinâmica tensa enfrentada pela Índia, em especial com relação à China e ao Paquistão, e a confortável situação brasileira. No conjunto, contudo, há interesses complementares. Os dois países têm muito a ganhar com essa aproximação e muito a oferecer ao cenário internacional, em termos de reforma do multilateralismo e de fortalecimento da governança global”, observa Ramalho. Rivalidades globais e alianças alternativas No momento em que as maiores potências, Estados Unidos e China, escancaram a rivalidade global, é possível enxergar, na relação de Modi e Lula, uma tentativa de defender a transversalidade de temas como o combate à fome nas relações mundiais e de construir parcerias em que pode haver mais de um ganhador. “A Índia é a quinta economia do mundo. O Brasil, a décima. São países que passaram por processos de colonização, que ainda têm de avançar em muitos aspectos de desenvolvimento. Por isso, a cooperação Sul-Sul — que são essas políticas de aproximação, de troca de conhecimento, de tecnologias — tende a acontecer muito mais numa lógica de ganha/ganha, em que ambas as partes podem sair beneficiadas por essa aproximação”, acrescenta Carolina Pedroso. Os Estados Unidos são o principal destino das exportações indianas, ao passo que a China — principal parceira comercial do Brasil na atualidade — é o país que mais vende para a Índia. “A relação Brasil/Índia é relevante tanto dentro do Brics quanto no cenário internacional como um todo, mas ainda não atingiu o ápice daquilo que pode se converter, tanto em termos de comércio, de investimento, como de cooperação”, pontua a professora da Unifesp. Vacinas, cultura e futuro compartilhado O especialista Jorge Ramalho lembra que a Índia se beneficiou da política brasileira da década de 1990, de negociar a quebra de patentes de medicamentos para doenças que afetam grandes parcelas da população de países em desenvolvimento, fortalecendo seu setor farmacêutico. Hoje, o Brasil tenta retomar a produção da maioria das vacinas que consome em território nacional, reduzindo, inclusive, importações de doses da Índia — o que, para ele, mostra mais confluência de temas do que adversidade. “Os dois países também têm problemas semelhantes em outras áreas, como a agrícola e a social, de modo que suas posições tendem a aproximar-se nas negociações internacionais. Em setores como o espacial e o nuclear, o Brasil tem muito a aprender com a postura da Índia, mais estratégica e consistente através do tempo. Em cada uma das duas ...
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  • Trump e Netanyahu se reúnem para discutir o futuro do conflito entre Israel e Hamas
    Jul 7 2025

    O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já está em Washington, onde se encontra nesta segunda-feira (7) com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Com as idas e vindas, propostas, respostas e observações, a situação permite várias perspectivas e possibilidades para um acordo de cessar-fogo no Oriente Médio.

    Três temas devem dominar o encontro entre os dois líderes. O fim do conflito na Faixa de Gaza é a principal prioridade do presidente norte-americano, como ele mesmo tem reiterado publicamente. Além disso, haverá uma avaliação do novo cenário regional após os 12 dias de conflito entre Israel e o Irã, que contou com a participação decisiva dos Estados Unidos no bombardeio de instalações nucleares iranianas.

    Outro tema importante é a possibilidade de expandir os chamados Acordos de Abraão, uma das principais conquistas internacionais do primeiro mandato de Trump. Em 2020, Trump anunciou que conseguiu estabelecer relações diplomáticas entre Israel, os Emirados Árabes Unidos e Bahrein. Posteriormente, outros países aderiram a este formato de acordo.

    Até os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, havia a expectativa de que a Arábia Saudita pudesse ser mais um país a estabelecer relações diplomáticas com Israel. No entanto, a resposta israelense e a tragédia humanitária em Gaza colocaram o assunto em compasso de espera. Os sauditas afirmaram que só normalizarão relações com Israel se o governo de Netanyahu abrir caminho para a criação de um Estado palestino, algo improvável na atual coalizão de governo.

    Entretanto, segundo apuração da RFI, há a possibilidade de novidades sobre os Acordos de Abraão. Uma declaração sobre o fim do conflito em Gaza pode ser tão importante quanto uma declaração sobre a criação de um Estado palestino. E isso poderia abrir caminho para mais adesões ao acordo lançado por Trump em 2020.

    Negociações indiretas entre Hamas e Israel

    Enquanto Netanyahu está em Washington, outra delegação de negociadores israelenses está em Doha, no Catar, com o objetivo de resolver as divergências após a resposta do Hamas. As diferenças entre as partes se concentram em três aspectos: o modelo de distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, a retirada das tropas israelenses do território e a exigência do Hamas de que o cessar-fogo de 60 dias leve necessariamente ao fim do conflito. O grupo palestino quer garantias dos Estados Unidos de que isso vai acontecer.

    Após a resposta do Hamas e a reunião do Gabinete de Segurança de Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu informou, em comunicado oficial, que as exigências do Hamas são inaceitáveis. No entanto, segundo informação obtida pela RFI, se não houvesse qualquer possibilidade de negociação, a delegação israelense nem sequer sairia para Doha.

    As famílias dos reféns israelenses foram informadas sobre a decisão de enviar uma delegação a Doha e exigem atualizações sobre o processo de negociação.

    Membro do governo israelense apela por acordo

    O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, pressionou abertamente por um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas.

    “Há uma grande maioria, tanto no governo quanto na sociedade, a favor do plano para a libertação dos reféns. Se houver uma oportunidade para alcançar este acordo, ela não deve ser desperdiçada!”, escreveu em sua conta no X (antigo Twitter).

    Ao mesmo tempo, apesar da maioria mencionada por Sa’ar, dois dos ministros mais radicais da coalizão se opõem ao plano: Itamar Ben Gvir (Segurança Nacional) e Bezalel Smotrich (Finanças). Segundo a imprensa local, ambos estão empenhados em impedir a aprovação deste acordo.

    Embora detenham 13 das 120 cadeiras do Knesset, é importante deixar claro que o Gabinete de Segurança, ao votar o acordo, não precisa da aprovação dos demais parlamentares. No entanto, Smotrich e Ben Gvir podem tentar derrubar o governo ao sair da coalizão.

    Diante deste cenário, o líder da oposição, Yair Lapid, voltou a se comprometer a se juntar ao governo, oferecendo uma “rede de sustentação”. Benny Gantz, líder do partido Azul e Branco, também afirmou que “nenhum bloco no mundo será capaz de impedir o retorno dos reféns”.

    “Netanyahu, a política pequena não vai ser um obstáculo para decisões históricas. Você tem uma ampla maioria para trazer os reféns de volta entre o povo e o Knesset”, disse em mensagem de vídeo.

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  • Inclusão das mulheres é essencial para o desenvolvimento econômico dos países do BRICS, aponta relatório
    Jul 4 2025

    Enquanto negociadores seguem trancados atrás de um texto de consenso para a declaração final dos líderes do BRICS, que estarão reunidos no Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de julho, a Aliança das Mulheres de Negócios do grupo acaba de preparar um novo relatório sobre a realidade da população feminina no bloco.

    Vivian Oswald, correspondente da RFI no Rio de Janeiro

    O documento, que será entregue aos chefes de Estado e de governo no Fórum Empresarial do BRICS, destaca a importância de sua inclusão para o crescimento econômico das 11 nações que compõem o grupo. O Relatório de Desenvolvimento das Mulheres do BRICS 2025, ao qual a RFI Brasil teve acesso exclusivo, traça um panorama atualizado que inclui os novos sócios do bloco econômico.

    O relatório é um diagnóstico da situação das mulheres a partir de indicadores de educação, saúde, participação no mercado de trabalho e no processo decisório dos países do bloco e ressalta a importância de sua inclusão para o desenvolvimento econômico.

    O documento traz um alerta interessante para estas nações em desenvolvimento do chamado sul global, muitas delas conhecidas pela mão de obra relativamente jovem — à exceção da Rússia, que já enfrenta um problema de longa data de declínio populacional.

    Fecundidade

    De acordo com dados de 2023 para os países do BRICS, as etíopes mantêm uma taxa de fecundidade relativamente alta, de 4,16 nascimentos por mulher. Mas na China, Rússia, Emirados Árabes Unidos (EAU) e Brasil essas taxas variam de 1,16 a 1,64 nascimentos por mulher, o que indica que vários países do BRICS podem enfrentar desafios futuros, econômicos, sobretudo, relacionados à queda da população.

    Entre as razões identificadas estão uma combinação de fatores pessoais e sociais, incluindo o peso financeiro de criar filhos, interrupções na carreira causadas por partos e lacunas nos sistemas de casamento e proteções de bem-estar social. Esses desafios têm levado as mulheres a pensar duas vezes antes de começar a constituir famílias, especialmente entre as gerações mais jovens nascidas nas décadas de 1990 e 2000, que dão mais ênfase à independência, à liberdade pessoal e ao desenvolvimento profissional.

    O relatório indica que houve melhoras na participação de mulheres na economia digital e nas pesquisas científicas. Mas alerta para grandes diferenças que ainda permanecem. E nos processos decisórios, as diferenças são imensas.

    A participação delas nos seus respectivos parlamentos, vai de 50% nos Emirados Árabes Unidos, 45,9% na África do Sul a 17,5% no Brasil, onde foram registradas melhoras nos anos recentes.

    No comando de empresas também é muito desigual. Na África do Sul, o país com a melhor posição, elas têm 34,9% dos cargos de chefia. Nos salários também. Enquanto os Emirados, China e Indonésia estão entre os 15 mais iguais no ranking global, os outros ainda apresentam diferenças abissais.

    Apoio à educação

    Entre as propostas que serão entregues aos líderes dos países estão a revisão de currículos escolares com perspectiva de gênero, a capacitação de professores e o estímulo à entrada de meninas em áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). O documento também sugere a ampliação de parcerias entre instituições de ensino, setor privado e governos.

    No ambiente profissional, a Aliança recomenda a criação de bancos de talentos femininos, metas de equidade de gênero nas organizações, maior transparência nos critérios de promoção e remuneração, e a adoção de políticas como programas de mentoria e horários flexíveis. E ainda destaca o fortalecimento de marcos regulatórios, a ampliação da infraestrutura digital, especialmente em áreas remotas, e a criação de mecanismos de financiamento voltados a mulheres inovadoras.

    Às vezes, são coisas que poucos reparam. Mas, quando se fala em donos de smartphones, por exemplo, os homens são 15% mais numerosos na média do BRICS.

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