Inclusão das mulheres é essencial para o desenvolvimento econômico dos países do BRICS, aponta relatório Podcast Por  arte de portada

Inclusão das mulheres é essencial para o desenvolvimento econômico dos países do BRICS, aponta relatório

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Enquanto negociadores seguem trancados atrás de um texto de consenso para a declaração final dos líderes do BRICS, que estarão reunidos no Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de julho, a Aliança das Mulheres de Negócios do grupo acaba de preparar um novo relatório sobre a realidade da população feminina no bloco.

Vivian Oswald, correspondente da RFI no Rio de Janeiro

O documento, que será entregue aos chefes de Estado e de governo no Fórum Empresarial do BRICS, destaca a importância de sua inclusão para o crescimento econômico das 11 nações que compõem o grupo. O Relatório de Desenvolvimento das Mulheres do BRICS 2025, ao qual a RFI Brasil teve acesso exclusivo, traça um panorama atualizado que inclui os novos sócios do bloco econômico.

O relatório é um diagnóstico da situação das mulheres a partir de indicadores de educação, saúde, participação no mercado de trabalho e no processo decisório dos países do bloco e ressalta a importância de sua inclusão para o desenvolvimento econômico.

O documento traz um alerta interessante para estas nações em desenvolvimento do chamado sul global, muitas delas conhecidas pela mão de obra relativamente jovem — à exceção da Rússia, que já enfrenta um problema de longa data de declínio populacional.

Fecundidade

De acordo com dados de 2023 para os países do BRICS, as etíopes mantêm uma taxa de fecundidade relativamente alta, de 4,16 nascimentos por mulher. Mas na China, Rússia, Emirados Árabes Unidos (EAU) e Brasil essas taxas variam de 1,16 a 1,64 nascimentos por mulher, o que indica que vários países do BRICS podem enfrentar desafios futuros, econômicos, sobretudo, relacionados à queda da população.

Entre as razões identificadas estão uma combinação de fatores pessoais e sociais, incluindo o peso financeiro de criar filhos, interrupções na carreira causadas por partos e lacunas nos sistemas de casamento e proteções de bem-estar social. Esses desafios têm levado as mulheres a pensar duas vezes antes de começar a constituir famílias, especialmente entre as gerações mais jovens nascidas nas décadas de 1990 e 2000, que dão mais ênfase à independência, à liberdade pessoal e ao desenvolvimento profissional.

O relatório indica que houve melhoras na participação de mulheres na economia digital e nas pesquisas científicas. Mas alerta para grandes diferenças que ainda permanecem. E nos processos decisórios, as diferenças são imensas.

A participação delas nos seus respectivos parlamentos, vai de 50% nos Emirados Árabes Unidos, 45,9% na África do Sul a 17,5% no Brasil, onde foram registradas melhoras nos anos recentes.

No comando de empresas também é muito desigual. Na África do Sul, o país com a melhor posição, elas têm 34,9% dos cargos de chefia. Nos salários também. Enquanto os Emirados, China e Indonésia estão entre os 15 mais iguais no ranking global, os outros ainda apresentam diferenças abissais.

Apoio à educação

Entre as propostas que serão entregues aos líderes dos países estão a revisão de currículos escolares com perspectiva de gênero, a capacitação de professores e o estímulo à entrada de meninas em áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). O documento também sugere a ampliação de parcerias entre instituições de ensino, setor privado e governos.

No ambiente profissional, a Aliança recomenda a criação de bancos de talentos femininos, metas de equidade de gênero nas organizações, maior transparência nos critérios de promoção e remuneração, e a adoção de políticas como programas de mentoria e horários flexíveis. E ainda destaca o fortalecimento de marcos regulatórios, a ampliação da infraestrutura digital, especialmente em áreas remotas, e a criação de mecanismos de financiamento voltados a mulheres inovadoras.

Às vezes, são coisas que poucos reparam. Mas, quando se fala em donos de smartphones, por exemplo, os homens são 15% mais numerosos na média do BRICS.

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