Com convergência geopolítica e avanço na cooperação, Brasil e Índia reforçam aliança no Sul Global Podcast Por  arte de portada

Com convergência geopolítica e avanço na cooperação, Brasil e Índia reforçam aliança no Sul Global

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Com uma pauta ampla que inclui colaboração no combate ao terrorismo, cooperação agrícola e o papel estratégico do Brics, Índia e Brasil fortalecem suas agendas bilaterais e buscam se afirmar como alternativas à polarização das grandes potências. Nesta terça-feira (8), o presidente Lula recebe o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, em Brasília. Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília Brasil e Índia, integrantes do Brics, compartilham características marcantes: são democracias em desenvolvimento, com passados coloniais e desafios sociais e econômicos ainda significativos. A chegada do primeiro-ministro Narendra Modi a Brasília, onde firmará acordos de cooperação com o presidente Lula, reacende o debate sobre o protagonismo que essas duas nações — relevantes, mas historicamente fora do eixo das grandes potências — podem exercer no cenário geopolítico atual. Para analistas internacionais ouvidos pela RFI, Brasil e Índia simbolizam o fortalecimento do Sul Global em um momento de reorganização das relações internacionais. “Brasil e Índia, sem dúvida, fazem parte dessa tentativa de reposicionar as relações entre os países em um contexto global desafiador, em que mesmo a ordem internacional criada após a Segunda Guerra Mundial se mostrou insuficiente para resolver os problemas concretos da humanidade. Então, talvez, a solução possa vir do Sul Global, de países que nunca lideraram nenhuma ordem internacional hegemônica e que, exatamente por sofrerem com os efeitos colaterais dessas diferentes potências, conseguem pensar fora do óbvio, pensar políticas mais arrojadas”, afirma Carolina Pedroso, professora de Relações Internacionais na Unifesp. O especialista Jorge Ramalho, professor da Universidade de Brasília, ressalta que há “amplos espaços de cooperação a serem ocupados, em especial no que concerne à produção conjunta de medicamentos, ao desenvolvimento da agricultura familiar e à redução da pobreza, principalmente da fome”. Para ele, Brasil e Índia têm realidades distintas no âmbito regional, mas, quando se trata do ambiente global, há uma grande convergência de interesses. “Por estarem distantes fisicamente, há pouca possibilidade de conflitos entre os dois países. No plano geopolítico, contudo, há uma grande diferença entre a dinâmica tensa enfrentada pela Índia, em especial com relação à China e ao Paquistão, e a confortável situação brasileira. No conjunto, contudo, há interesses complementares. Os dois países têm muito a ganhar com essa aproximação e muito a oferecer ao cenário internacional, em termos de reforma do multilateralismo e de fortalecimento da governança global”, observa Ramalho. Rivalidades globais e alianças alternativas No momento em que as maiores potências, Estados Unidos e China, escancaram a rivalidade global, é possível enxergar, na relação de Modi e Lula, uma tentativa de defender a transversalidade de temas como o combate à fome nas relações mundiais e de construir parcerias em que pode haver mais de um ganhador. “A Índia é a quinta economia do mundo. O Brasil, a décima. São países que passaram por processos de colonização, que ainda têm de avançar em muitos aspectos de desenvolvimento. Por isso, a cooperação Sul-Sul — que são essas políticas de aproximação, de troca de conhecimento, de tecnologias — tende a acontecer muito mais numa lógica de ganha/ganha, em que ambas as partes podem sair beneficiadas por essa aproximação”, acrescenta Carolina Pedroso. Os Estados Unidos são o principal destino das exportações indianas, ao passo que a China — principal parceira comercial do Brasil na atualidade — é o país que mais vende para a Índia. “A relação Brasil/Índia é relevante tanto dentro do Brics quanto no cenário internacional como um todo, mas ainda não atingiu o ápice daquilo que pode se converter, tanto em termos de comércio, de investimento, como de cooperação”, pontua a professora da Unifesp. Vacinas, cultura e futuro compartilhado O especialista Jorge Ramalho lembra que a Índia se beneficiou da política brasileira da década de 1990, de negociar a quebra de patentes de medicamentos para doenças que afetam grandes parcelas da população de países em desenvolvimento, fortalecendo seu setor farmacêutico. Hoje, o Brasil tenta retomar a produção da maioria das vacinas que consome em território nacional, reduzindo, inclusive, importações de doses da Índia — o que, para ele, mostra mais confluência de temas do que adversidade. “Os dois países também têm problemas semelhantes em outras áreas, como a agrícola e a social, de modo que suas posições tendem a aproximar-se nas negociações internacionais. Em setores como o espacial e o nuclear, o Brasil tem muito a aprender com a postura da Índia, mais estratégica e consistente através do tempo. Em cada uma das duas ...
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