Um pulo em Paris Podcast Por RFI Brasil arte de portada

Um pulo em Paris

Um pulo em Paris

De: RFI Brasil
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Direto da redação da Rádio França Internacional em Paris, em parceria com a Rádio CBN, Adriana Moysés e Daniella Franco contam as novidades e curiosidades de um dos lugares mais visitados do mundo.

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  • Enquanto banho no Sena faz sucesso, França registra mais de 100 mortes por afogamento em um mês
    Jul 18 2025
    Com o calor que está fazendo na França neste verão, lagos e rios são cada vez mais procurados pelos franceses para se refrescar. A prefeitura de Paris divulgou os primeiros dados sobre o número de banhistas no rio Sena, uma forma de adaptar a cidade para as altas temperaturas. Porém, ao mesmo tempo em que os termômetros sobem, entre os meses de junho e julho houve um aumento de 58% no número de mortes por afogamentos no país, em relação ao mesmo período de 2024. Pela lei, na França os prefeitos são responsáveis pelo que acontece em locais para banho e estão na linha de frente de uma questão primordial diante das mudanças climáticas. Maria Paula Carvalho, de Paris Em Paris, o mergulho no rio Sena vem sendo um sucesso de público entre moradores e visitantes que têm aproveitado essa praia típica parisiense. A capital francesa tem dado exemplo ao cumprir a promessa de reabrir neste verão, depois de 100 anos de interdição, três piscinas fluviais ao ar livre. Elas estão localizadas no cais de Grenelle, perto da Torre Eiffel, no Bras Marie, ao lado da prefeitura, no centro, e no cais de Bercy, no noroeste da cidade. Todas tem entrada gratuita e funcionam em horários que variam das 8h às 21 horas. Desde 5 de julho, quase 20.000 pessoas já aproveitaram o mergulho no Sena. Esses espaços são delimitados por boias e circundados por decks com escadas para o acesso dos banhistas, que são obrigados a usar um flutuador. Há áreas para se trocar, guardar pertences, banheiros e até chuveiros. Cada pessoa pode nadar em média 1h, mas não há um controle rigoroso desse tempo. A rotatividade é grande. Até o momento, os parisienses e visitantes têm demonstrado muita satisfação de reencontrar o seu rio, descontrair na beira d'água e aproveitar os dias de calor, já que nessa época do ano escurece tarde em Paris. Só nos dias 12 e 14 de julho, 12.354 banhistas passaram por esses locais. O mais procurado foi o cais Bercy (com capacidade para 700 pessoas por vez) onde 6.683 pessoas foram se refrescar, seguido pela piscina natural do Hôtel de Ville, no centro da cidade (capacidade de 150 pessoas), onde 3.065 banhistas mergulharam, e o cais de Grenelle, com vista para a torre Eiffel, com capacidade para 200 pessoas, procurado por 2.606 pessoas no último fim de semana. Segundo um comunicado da prefeitura de Paris, "este sucesso popular reflete o desejo dos habitantes por espaços de convivência abertos, compartilhados e tranquilos". As autoridades locais destacam um "grande passo à frente para o bem-estar dos moradores". Nadar no Sena era proibido desde 1923, e esse foi um dos legados dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024. Mais de € 1,4 bilhão foram investidos para melhorar a qualidade da água, com obras de drenagem, o equivalente a mais de R$ 9 bilhões. Controle rigoroso da qualidade da água De acordo com a prefeitura, as análises da qualidade microbiológica água são feitas três vezes por dia. O monitoramento utiliza dois indicadores para bactérias: Escherichia coli e enterococos, cuja presença pode sinalizar germes patogênicos. O cumprimento desses critérios determinará diariamente se é permitido nadar no Sena. Além das análises da água, a prefeitura de Paris também adota monitora as instalações ao redor dos cais, onde as pessoas tomam banho de sol. Uma das medidas que permitiram a melhoria da qualidade da água do Sena foi a construção de um reservatório subterrâneo de 50.000 m3 para acumular águas pluviais e usadas (banheiros, cozinhas, etc.) e impedir que elas sejam despejadas no Sena. A obra demorou três anos para ficar pronta e foi inaugurada em maio de 2024, pouco antes dos Jogos Olímpicos. Com isso, apenas em caso de temporais pode haver despejo de águas usadas no rio e, nesses períodos, os locais para banho são sistematicamente fechados. Uma das evidências da melhoria da qualidade da água do Sena é o aumento da quantidade de peixes encontrados: 34 espécies atualmente. Isso representa um número significativamente maior do que há quarenta anos, quando apenas duas espécies viviam no rio parisiense. Mortes em locais não supervisionados preocupam prefeitos Porém, se no rio Sena há salva-vidas de plantão, o banho não é supervisionado em todos os rios e lagos da França. E o resultado é o número expressivo de 109 mortes por afogamento em um mês no país, de um total de 400 casos registrados no período, segundo um boletim da Saúde Pública da França. O número inclui crianças que se afogaram em piscinas particulares, mas a maior parte das mortes é de adolescentes que mergulharam em riachos ou lagos não supervisionados. Já entre os adultos, a maioria das mortes ocorreu no mar. Entre as vítimas, há muitos casos de pessoas que se arriscaram em locais proibidos para banho. Recentemente, um jogador de futebol de uma associação esportiva, ao norte de Paris, ...
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  • Como a extrema direita global usa a retórica da perseguição para desviar de investigações judiciais
    Jul 11 2025
    A decisão de Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, sob a justificativa de que o governo Lula e o Judiciário estariam promovendo uma “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro, não é um gesto isolado. A retórica da perseguição política, usada para deslegitimar investigações e decisões judiciais, tem se consolidado como uma estratégia comum entre líderes e partidos de extrema direita em diferentes democracias. Na França, o partido Reunião Nacional (RN), liderado por Marine Le Pen, adotou discurso semelhante esta semana ao reagir a novas investigações sobre financiamento ilegal de campanhas e desvio de recursos do Parlamento Europeu. A legenda acusa juízes, "as elites" e a imprensa de conduzirem uma campanha ideológica contra seus dirigentes, em uma narrativa que ecoa as falas de Trump e Bolsonaro. Em março, Le Pen foi condenada a cinco anos de inelegibilidade por desvio de recursos do Parlamento Europeu. Embora tenha recorrido, a confirmação da sentença pode impedi-la de disputar a presidência em 2027. Agora, o RN enfrenta duas novas frentes de investigação: uma sobre o uso abusivo de empréstimos de pessoas físicas em campanhas eleitorais, e outra, mais grave, conduzida pelo Ministério Público Europeu, que apura o desvio de cerca de € 4,3 milhões entre 2019 e 2024. Nesta semana, a sede do partido em Paris foi alvo de buscas por parte de policiais e juízes. Documentos foram apreendidos, e há suspeitas de que os recursos desviados tenham beneficiado empresas ligadas a aliados próximos de Le Pen, por meio de contratos sem licitação adequada. O presidente do partido, Jordan Bardella, reagiu classificando a operação como “assédio político” e acusando parte do Judiciário de agir com motivação ideológica. Um porta-voz do RN chegou a fazer alegações falsas sobre sindicatos de juízes, desmentidas por checagens documentadas pela imprensa. Crise de confiança A ofensiva contra o Judiciário francês não é exclusiva da extrema direita. Nesta sexta-feira (11), três deputados de centro-direita e direita conservadora também foram declarados inelegíveis por irregularidades nas contas de campanha. Ainda assim, a retórica de perseguição tem sido mais sistematicamente explorada por partidos como o RN, que buscam mobilizar sua base eleitoral e desviar o foco das acusações. A confiança da população francesa na Justiça está em queda: apenas 48% dizem confiar no sistema judiciário, segundo pesquisa do Instituto Ifop divulgada em abril. Especialistas alertam que ataques à independência do Judiciário alimentam essa crise e colocam em risco os pilares do Estado de Direito. Nos Estados Unidos, Trump enfrenta vários processos e acusa o sistema de ser manipulado por “juízes de esquerda”. No Brasil, Bolsonaro e seus aliados também alegam ser vítimas de perseguição. Em todos os casos, a retórica da perseguição política serve como escudo contra investigações legítimas. E como mostra a tarifa imposta pelo presidente dos EUA ao Brasil, pode até ser usada como justificativa para ações controversas de intimidação contra um país soberano. Justiça francesa: absolvições e condenações recentes mostram atuação firme e diversa Dois ex-ministros da Saúde da França, Olivier Véran e Agnès Buzyn, foram recentemente inocentados pela Justiça após investigações relacionadas à gestão da pandemia de Covid-19. Ambos haviam sido acusados de falhas na antecipação e no enfrentamento da crise sanitária. No entanto, após análise detalhada dos fatos, o tribunal concluiu que não houve negligência penal por parte dos ex-ministros, reconhecendo a complexidade e a imprevisibilidade do contexto da pandemia. Os dois ex-ministros são do partido do presidente Emmanuel Macron. Em contraste com os casos de absolvição, o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy teve sua condenação por corrupção e tráfico de influência confirmada pela Justiça. Ele foi sentenciado a um ano de prisão no chamado “caso das escutas telefônicas”, mas cumpriu a pena em regime domiciliar com tornozeleira eletrônica. Em maio, Sarkozy obteve liberdade condicional e teve o monitoramento eletrônico suspenso. Aos 70 anos, o ex-líder da direita ainda responde a outros processos, incluindo o julgamento sobre o suposto financiamento ilegal de sua campanha presidencial de 2007 com recursos do regime líbio de Muammar Khadafi. Outro caso emblemático é o do ex-primeiro-ministro conservador François Fillon, condenado em junho deste ano a quatro anos de prisão com suspensão condicional da pena, além de uma multa de € 375 mil e cinco anos de inelegibilidade. A condenação se refere ao escândalo conhecido como “Penelopegate”, revelado em 2017, quando veio à tona que Fillon contratou sua esposa, Penélope, como assessora parlamentar sem que ela exercesse efetivamente a função.
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  • Entenda por que a atual onda de calor na Europa é uma das mais preocupantes já registradas
    Jul 2 2025
    A Europa é palco da primeira onda de calor deste início de verão no Hemisfério Norte, com novos recordes de temperatura e com uma duração inédita. Mortes relacionadas ao calor foram registradas nos últimos dias na Itália, Espanha e na França. Países do sul da Europa estão vivendo sob o alerta máximo a temperaturas extremas. Daniella Franco, da RFI A Europa não esquece a onda de calor registrada em agosto de 2003, quando mais de 70 mil pessoas morreram em decorrência das temperaturas extremas. Em termos de gravidade, o atual episódio não pode ser comparado ao de 22 anos atrás, mas ele tem características que levam especialistas em clima a classificá-lo como um dos mais preocupantes dos últimos tempos. Até os anos 2000, ondas de calor antes do início do verão no Hemisfério Norte eram consideradas raras na Europa. O período atual, que teve início no final de junho em vários países do sul, leva os cientistas a acreditarem que o fenômeno é uma nova tendência. Outro ponto que torna essa onda de calor mais grave do que várias das anteriores são os recordes de temperatura registrados nos últimos dias da primavera: uma situação inédita. Os termômetros marcaram 46°C em El Granado, no sudoeste da Espanha, no sábado (28), e 46,6°C, no centro-sul de Portugal, no domingo (29). O atual episódio também é considerado mais longo. Há alguns anos os períodos de calor intenso duravam alguns dias em julho e agosto. Neste ano, a primeira onda de temperaturas extremas já dura 14 dias, com previsão de se estender até o próximo fim de semana. Além disso, o registro de calor intenso em países que antes não conheciam ondas de calor também é preocupante. Nesse episódio atual, não apenas países do sul da Europa - Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia - estão sufocando. Nações do norte e do centro também registram temperaturas acima da média. É o caso de Reino Unido, Alemanha, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Áustria, Suíça, República Tcheca e Croácia. Balanço dos estragos da onda de calor Até o momento, o balanço de mortos desta onda de calor é de seis óbitos: dois na Itália, dois na Espanha e dois na França. No entanto, teme-se que o número de vítimas aumente nos próximos dias devido à previsão de continuação da onda de calor em alguns países e devido à quantidade de pessoas hospitalizadas. Apenas na França, os bombeiros socorreram cerca de 300 pessoas nos últimos dias devido ao “mal-estar térmico”. Na Itália, os hospitais registraram um aumento de 20% nos serviços de emergência, principalmente pessoas idosas sofrendo de desidratação. A multiplicação dos incêndios florestais neste período está sendo considerada como o principal impacto ambiental da primeira onda de calor de 2025 na Europa. Pelo menos quatro países registram fogo nas florestas e nas matas neste momento. Na Catalunha, no nordeste da Espanha, duas pessoas morreram e 6.500 hectares foram destruídos pelas chamas. Na Grécia, os bombeiros combatem um grande incêndio no sul de Atenas. A França registra dois focos atualmente, um no nordeste e outro na Córsega (sul). Já na Itália, o alerta para fogo florestal foi ativado em várias regiões, com cortes preventivos de eletricidade e restrições de atividades ao ar livre em várias localidades. Impacto na economia Um estudo divulgado na terça-feira (1°) pela Allianz Research, prevê a queda de mais de um ponto do PIB dos países mais atingidos pela atual onda de calor na Europa. Numa escala europeia, o PIB do bloco pode cair 0,5%. O grupo alemão calcula que um dia de trabalho com os termômetros marcando acima de 32°C equivale a um meio dia de greve. Segundo o estudo, quando o calor começa a exceder a marca de 32°C, a capacidade de desempenhar um trabalho físico cai 40%. A partir de 38°C, a queda na capacidade física é de mais de 66%. A razão é que com o calor intenso, o cérebro desacelera, os músculos se cansam mais rapidamente e a produtividade do trabalhador despenca. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) já vem fazendo esse tipo de alerta há alguns anos. Em 2024, projeções que foram calculadas com base em um aumento de temperatura de 1,5°C até o final desse século mostraram que 2,2% do total de horas trabalhadas no mundo inteiro vão ser perdidas por causa das temperaturas extremas. A previsão equivale a uma perda na produtividade de 80 milhões de empregos em tempo integral em todo o mundo. Um futuro “escaldante” Segundo um comunicado divulgado na terça-feira pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), esse atual episódio de temperaturas extremas não é uma exceção ou um acidente, mas “um prenúncio de um futuro escaldante”. Baseado em avaliações do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), o comunicado diz que nos próximos anos as ondas de calor se multiplicarão, se intensificarão, e serão mais longas. A Europa já é o continente que...
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