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Episodios
  • Tensão institucional aumenta entre Brasil e EUA, enquanto setor exportador perde U$ 100 milhões ao dia
    Jul 19 2025
    Diante da escalada de tensão na relação institucional entre Brasil e Estados Unidos, analistas e setores exportadores não apostam em um entendimento rápido acerca das novas tarifas sobre os produtos brasileiros, mesmo com prejuízo certo para os dois lados. Com a atuação do clã Bolsonaro para desestabilizar o processo penal contra o ex-presidente a partir da pressão americana, Alexandre de Moraes impõe medidas restritivas a Jair Bolsonaro. E Donald Trump reagiu no mesmo dia. Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília. A semana terminou com Jair Bolsonaro de tornozeleira eletrônica, recolhido em casa, enquanto o governo Donald Trump proibiu a entrada nos Estados Unidos de Alexandre de Moraes e de outros ministros da Suprema Corte brasileira. E a fúria trumpista, após o périplo de Eduardo Bolsonaro nas terras estadunidenses para livrar o pai da cadeia, gera expectativa de um novo pacote anti-Brasil. Porém, a análise política é de que as medidas restritivas a Bolsonaro mostram que a investida da família tem sido um tiro pé do ex-presidente. “Houve a percepção generalizada que o país inteiro está sendo prejudicado por conta da família Bolsonaro", diz o analista político Diogo Cunha, da Universidade Federal de Pernambuco. "Eles deram de bandeja para o PT e para o Lula a bandeira do patriotismo, do nacionalismo, da soberania. E as instituições também reagiram. Então, sem dúvida, isso piorou significativamente a situação do ex-presidente”, acrescenta. “A atuação de Eduardo Bolsonaro é mais um passo no processo de politização e de pressão que eles querem fazer sobre o Judiciário, tentando mostrar força, inclusive com ajuda do presidente da maior potência do mundo, que pode realmente prejudicar o Brasil. Agora, evidentemente, isso não funcionou, pelo contrário”, conclui Cunha. Perdas de U$ 1 bilhão A atual crise tem reflexos gigantes na economia. Dados da AEB, a Associação de Comércio Exterior do Brasil, mostram que já houve recuo de exportações na ordem de U$ 1 bilhão desde que a tarifa de 50% sobre tudo o que o Brasil vende para os Estados Unidos foi anunciada. “Nós começamos a ver nas estatísticas, agora no mês de julho, que está havendo uma queda nas exportações brasileiras em torno de U$ 100 milhões por dia. Isso significa, até aqui, uma queda de pelo menos U$ 1 bilhão. Basicamente, todos aqueles setores que têm acordos de longo prazo vão ser afetados porque há uma mudança brusca. Setores como calçados, carne bovina, aviões”, explica José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “A expectativa era de que essa tarifa de 50% fosse revertida no curto prazo, mas agora o ambiente está mais carregado, com declarações tanto do lado americano quanto do brasileiro. A questão política está pesando mais do que a técnica. Então, essa taxa deve perdurar por mais algum tempo. Pode ser duas ou três semanas. Também pode mudar de uma hora para outra, mas o cenário político aponta que não será no curto prazo”, afirma Castro. Para reduzir prejuízos aos empresários brasileiros, o dirigente da associação defende a negociação e não a reciprocidade. E diz que substituir mercados, no cenário atual, não é tão fácil como muitos pregam. “Todo mundo está buscando mercados alternativos, o Brasil, os Estados Unidos, a China, a Europa. Todos os países. Então é muito difícil, é uma concorrência muito grande. E buscar mercados alternativos pode demandar tempo. Dependendo do produto, pode demorar três meses, seis meses, um ano, e às vezes não vai ter resultado”, ressaltou. Negociações conjuntas e não bilaterais Ao assumir abertamente que o lema do clã bolsonarista hoje é "nossa família acima de tudo", Eduardo Bolsonaro tem gerado muito debate nas redes sociais com suas declarações. Ele chegou a dizer, em entrevista à CNN, que “Trump não vai recuar diante de Alexandre de Moraes. E se houver um cenário de terra arrasada, ao menos terei me vingado desses ditadores de toga”. Para evitar a terra arrasada, o analista internacional Alexandre Ueara, da ESPM, diz que o caminho é a negociação, porém não essa que os Estados Unidos têm forçado boa parte do mundo a fazer. “Negociar bilateralmente é fazer o jogo de acordo com as regras de Donald Trump. Sempre vai ter uma vantagem para os Estados Unidos nessas negociações bilaterais porque eles são a maior potência mundial, apesar da economia chinesa. Então, focar na negociação bilateral com Trump seria o pior dos mundos”, analisa. Como ainda faltam mais de três anos para terminar o mandato do presidente americano, o especialista sugere a convergência de interesses dos demais países para fazer...
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  • França celebra 14 de Julho com show de drones e homenagem ao Brasil
    Jul 15 2025

    O Brasil foi o grande homenageado da tradicional queima de fogos da Torre Eiffel, espetáculo que marca o encerramento das comemorações do 14 de Julho, a festa nacional francesa. O verde e o azul tomaram conta dos céus de Paris e drones reproduziram imagens representando o samba e a Amazônia.

    Como acontece todos os anos, o encerramento da festa nacional aconteceu na Torre Eiffel. Diversos artistas se apresentaram em um concerto gratuito, em um palco montado no Campo de Marte. No programa, música clássica, ópera e samba.

    A música “Saudade fez um samba”, de João Gilberto, foi apresentada pela violoncelista brasileira Dom La Nena, junto à Orquestra Nacional da França. Já o sopranista Bruno de Sá interpretou a obra Bachianas Brasileiras nº 5, de Heitor Villa-Lobos. As referências ao Brasil continuaram ao longo de todo o show e no fim os artistas brasileiros se juntaram aos demais para cantar o Hino Nacional francês, a Marselhesa.

    Leia tambémSopranista brasileiro vai cantar em concerto do 14 de julho, um dos mais importantes da França

    Animais e sambistas

    Mas o ponto alto da noite foi, sem dúvida, a queima de fogos de artifício. Celebrando a amizade entre França e Brasil, o espetáculo, que durou 25 minutos, começou com a torre iluminada de verde e azul. Mais de mil drones foram responsáveis por formar frases e imagens, como figuras dançando samba, animais, corações e símbolos da França, incluindo a frase Liberté, Égalité, Fraternité (Liberdade, Igualdade e Fraternidade), além de uma homenagem aos dez anos da assinatura do Acordo de Paris, sempre acompanhados por música.

    Drones impactam o público

    O público compareceu em peso para prestigiar o espetáculo. Com algumas estações de metrô fechadas por questões de segurança nas imediações do Campo de Marte e do Trocadéro, uma multidão se aglomerou nos acessos mais próximos.

    Acompanhado da namorada, o francês Justin elogiou: “A encenação com os drones foi muito legal, com muita originalidade. E os fogos estavam lindos.” Já Solène, que é da Bretanha, falou sobre o encanto de ver o show de fogos ao vivo. “Foi a primeira vez que vi o espetáculo aqui em Paris e eu gostei muito! Já tinha visto pela TV, mas é verdade que, pessoalmente, é muito melhor.”

    Essa também foi a primeira vez que o francês Paul assistiu aos fogos ao vivo. “Foi excepcional! Acredito que seja o primeiro ano com os drones, e o espetáculo foi realmente fantástico”, disse.

    Festa nacional

    Mais cedo, também como parte da programação do 14 de Julho, foi realizado um desfile militar na Avenida Champs-Élysées, com a presença do presidente Emmanuel Macron.

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  • Brasil em Arles: exposições trazem novas escrituras imagéticas e vanguarda de Cláudia Andujar
    Jul 12 2025

    O Brasil é o grande destaque dos Encontros de Arles, reunião obrigatória de profissionais e amantes da fotografia, que acontece no sul da França. O curador Thyago Nogueira apresenta duas mostras de porte: “Novos Ancestrais” e “No Lugar do Outro”.

    Patrícia Moribe, enviada especial da RFI a Arles

    “'Futuros Ancestrais' é uma exposição coletiva que apresenta uma geração nova e empoderado na arte brasileira, produzindo imagens a partir de múltiplas tecnologias - fotografia, vídeo, inteligência artificial, colagem”, explica Thyago Nogueira, editor da revista Zum e coordenador-chefe de arte contemporânea do Instituto Moreira Salles.

    “O objetivo é reinterpretar e narrar a história do Brasil e mostrar o Brasil contemporâneo. É uma exposição que mostra artistas que desafiam a maneira como a história do país foi narrada. Eles usam partes desses arquivos para tentar contar uma outra história do Brasil, para tentar completar lacunas, para enfrentar apagamentos e violências que esses arquivos produziram. Mas também usam a imagem para construir novas formas de comunhão e de solidariedade e para pensar a integração entre diferentes tradições e ancestralidades”, acrescenta Nogueira.

    Representatividade

    A mostra denuncia a violência histórica contra comunidades afro-brasileiras, indígenas e LGBTQIA+, questionando estereótipos e a história oficial. Artistas como Denilson Baniwa, Ventura Profana, Gê Viana, Mayara Ferrão, Yhuri Cruz e Igi Lọlá Ayedun usam colagem e IA para recompor arquivos visuais e criar novas representações de beleza, afeto e espiritualidade.

    O coletivo Lakapoy e Lincoln Péricles abordam os relatos oficiais através de arquivos fotográficos de suas próprias comunidades, enquanto Glicéria Tupinambá destaca a expropriação colonial e a restituição de objetos sagrados. A exposição também explora o corpo como arquivo e ferramenta de denúncia contra preconceitos, com obras de Rafa Bqueer, Castiel Vitorino Brasileiro, Melissa Oliveira e Paulo Nazareth.

    “É uma exposição de artistas que olham para o passado não como um lugar nostálgico ou congelado, mas como um lugar que precisa ser reativado e rediscutido para poder esclarecer o nosso presente e também para poder imaginar um futuro diferente do futuro que está previsto para eles”, explica Thyago Nogueira.

    Cláudia Andujar

    Paralelamente, Nogueira apresenta “Cláudia Andujar – À la place des autres (No lugar do outro)”, focada na primeira parte da carreira da fotógrafa Cláudia Andujar, antes de seu engajamento com o povo Yanomami. A exposição é o resultado de dois anos de pesquisa nos arquivos da artista.

    Cláudia Andujar, sobrevivente do Holocausto que chegou ao Brasil em 1955, começou a fotografar o país e a desenvolver seu olhar e sua forma de pensar a contribuição da fotografia para uma sociedade mais justa.

    A exposição apresenta suas primeiras séries, incluindo “Famílias brasileiras” (1962-1964), seu trabalho editorial para a revista Realidade (1966-1971), reflexões sobre a feminilidade em “A Sônia” (1971), fotografia de rua em “Rua Direita” (cerca de 1970), e suas primeiras incursões na Amazônia (1970-1972).

    As mostras nos Encontros de Arles acontecem no contexto da Temporada França-Brasil 2025.

    * Correção – ao contrário da informação anterior, das duas exposições curadas por Thyago Nogueira, apenas “Cláudia Andujar, No Lugar do Outro”, foi produzida pelo Instituto Moreira Sales.

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