Ensino da língua portuguesa na Guiana Francesa é uma “necessidade”, diz professor Podcast Por  arte de portada

Ensino da língua portuguesa na Guiana Francesa é uma “necessidade”, diz professor

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A comunidade brasileira na Guiana Francesa é uma das mais expressivas. Segundo uma estimativa de 2022 do Ministério das Relações Exteriores, mais de 90 mil brasileiros vivem no território francês de 300 mil habitantes, que faz fronteira com o norte do Brasil. Proporcionalmente, isso significa que quase um em cada três moradores fala português. Essa realidade aumenta a “necessidade” de aprender o português no território, diz Rosuel Pereira, professor e pesquisador da Universidade da Guiana, responsável pelo departamento de inglês e português e vice-reitor de Relações Internacionais da instituição. Em entrevista à RFI em Caiena, Rosuel Pereira abordou a crescente importância do ensino e do domínio da língua portuguesa no território, especialmente devido ao aumento da população brasileira. A maioria desses imigrantes busca oportunidades de trabalho na Guiana Francesa, principalmente na construção civil e no garimpo. Eles vêm majoritariamente de três estados, Amapá, Pará e Maranhão, informa o professor e vice-reitor da Universidade da Guiana. Muitos imigrantes brasileiros são indocumentados. Por isso, é difícil saber com precisão o número exato de brasileiros no território francês. Mas ao andar pelas ruas de Caiena, por exemplo, é possível ouvir o português em cada esquina, revelando uma presença realmente prolífera. Desde a criação da Université de Cayene há cerca de 10 anos, o ensino do português vem se consolidando, com alunos não só brasileiros, mas também guianenses interessados em aprender o idioma. Segundo Rosuel Pereira, “há um interesse de aprender o português não somente dos filhos de brasileiros, mas também de guianenses que falam o português da rua, com colegas e amigos, e depois vêm aperfeiçoar na universidade”. O curso de português-língua estrangeira aplicada da universidade recebe 140 alunos por ano. A língua é também lecionada no ensino fundamental e médio. Além disso, o intercâmbio educacional entre o estado do Amapá e a Guiana tem impulsionado o ensino bilíngue, com classes de português em liceus na fronteira. Português nas instituições francesas A presença crescente de brasileiros na região exige profissionais capacitados para atender essa comunidade e essa realidade cria a “necessidade” de aprender o português no território francês, indica Rosuel Pereira. O professor, responsável pela licenciatura de inglês e português da Universidade da Guiana, diz que já foi procurado por várias instituições locais, como a polícia, hospitais e o sistema judiciário, visando capacitar seus funcionários. A taxa de criminalidade relacionada a atividades ilegais, como o garimpo ou o tráfico de drogas, está em alta, elevando o número de brasileiros também nas prisões da Guiana Francesa. Somente em um dos complexos penitenciários locais, o Remire-Montjoly, que tem mil presos para apenas 600 vagas, 15% dos detentos têm nacionalidade brasileira. “Já formamos profissionais ligados à alfândega, polícia, saúde e serviço social”, explica o professor, lembrando que há um esforço para que “esses profissionais possam estar em contato com brasileiros no dia a dia, seja para tratar de saúde ou questões judiciais”. Agora, universidade está desenvolvendo um diploma universitário voltado ao ensino prático do português. Vantagem profissional Falar português se tornou uma vantagem profissional significativa na Guiana Francesa, especialmente nos setores de comércio, saúde, segurança pública e serviços sociais. “Há uma necessidade de que pessoas formadas falem português e que possam servir também de intérpretes”, destaca o vice-reitor de Relações Internacionais. Com a imigração contínua e o desenvolvimento econômico da região, “é necessário acolher bem essas pessoas, para que elas possam se integrar à sociedade guianense”, salienta. Mas o interesse pelo português vai além da necessidade prática e envolve "tudo o que está ligado à cultura”. Cresce o interesse pelo estudo da variante “brasileira” falada no território. Palavras e expressões francesas foram incorporadas ao cotidiano dos imigrantes. Os brasileiros guianenses falam, por exemplo, “eu vou na vila”, para dizer que vão ao centro da cidade, aportuguesando o “centre-ville” francês. Eles dizem também que vão construir “uma casa tipo maison”, para indicar que querem uma casa grande. Ou ainda, uma festa que “termina à brasileira”, quer dizer, uma festa que termina em briga. Clique na imagem para ouvir a entrevista completa.
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