
Brasil em Arles: exposições trazem novas escrituras imagéticas e vanguarda de Cláudia Andujar
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O Brasil é o grande destaque dos Encontros de Arles, reunião obrigatória de profissionais e amantes da fotografia, que acontece no sul da França. O curador Thyago Nogueira apresenta duas mostras de porte: “Novos Ancestrais” e “No Lugar do Outro”.
Patrícia Moribe, enviada especial da RFI a Arles
“'Futuros Ancestrais' é uma exposição coletiva que apresenta uma geração nova e empoderado na arte brasileira, produzindo imagens a partir de múltiplas tecnologias - fotografia, vídeo, inteligência artificial, colagem”, explica Thyago Nogueira, editor da revista Zum e coordenador-chefe de arte contemporânea do Instituto Moreira Salles.
“O objetivo é reinterpretar e narrar a história do Brasil e mostrar o Brasil contemporâneo. É uma exposição que mostra artistas que desafiam a maneira como a história do país foi narrada. Eles usam partes desses arquivos para tentar contar uma outra história do Brasil, para tentar completar lacunas, para enfrentar apagamentos e violências que esses arquivos produziram. Mas também usam a imagem para construir novas formas de comunhão e de solidariedade e para pensar a integração entre diferentes tradições e ancestralidades”, acrescenta Nogueira.
RepresentatividadeA mostra denuncia a violência histórica contra comunidades afro-brasileiras, indígenas e LGBTQIA+, questionando estereótipos e a história oficial. Artistas como Denilson Baniwa, Ventura Profana, Gê Viana, Mayara Ferrão, Yhuri Cruz e Igi Lọlá Ayedun usam colagem e IA para recompor arquivos visuais e criar novas representações de beleza, afeto e espiritualidade.
O coletivo Lakapoy e Lincoln Péricles abordam os relatos oficiais através de arquivos fotográficos de suas próprias comunidades, enquanto Glicéria Tupinambá destaca a expropriação colonial e a restituição de objetos sagrados. A exposição também explora o corpo como arquivo e ferramenta de denúncia contra preconceitos, com obras de Rafa Bqueer, Castiel Vitorino Brasileiro, Melissa Oliveira e Paulo Nazareth.
“É uma exposição de artistas que olham para o passado não como um lugar nostálgico ou congelado, mas como um lugar que precisa ser reativado e rediscutido para poder esclarecer o nosso presente e também para poder imaginar um futuro diferente do futuro que está previsto para eles”, explica Thyago Nogueira.
Cláudia AndujarParalelamente, Nogueira apresenta “Cláudia Andujar – À la place des autres (No lugar do outro)”, focada na primeira parte da carreira da fotógrafa Cláudia Andujar, antes de seu engajamento com o povo Yanomami. A exposição é o resultado de dois anos de pesquisa nos arquivos da artista.
Cláudia Andujar, sobrevivente do Holocausto que chegou ao Brasil em 1955, começou a fotografar o país e a desenvolver seu olhar e sua forma de pensar a contribuição da fotografia para uma sociedade mais justa.
A exposição apresenta suas primeiras séries, incluindo “Famílias brasileiras” (1962-1964), seu trabalho editorial para a revista Realidade (1966-1971), reflexões sobre a feminilidade em “A Sônia” (1971), fotografia de rua em “Rua Direita” (cerca de 1970), e suas primeiras incursões na Amazônia (1970-1972).
As mostras nos Encontros de Arles acontecem no contexto da Temporada França-Brasil 2025.
* Correção – ao contrário da informação anterior, das duas exposições curadas por Thyago Nogueira, apenas “Cláudia Andujar, No Lugar do Outro”, foi produzida pelo Instituto Moreira Sales.