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  • EUA: com poderes ampliados, agentes da polícia anti-imigração de Trump espalham terror
    Jul 19 2025

    As revistas semanais francesas analisam o governo Donald Trump sob várias facetas. L’Express traz as ações da polícia de imigração ICE. Criada após o 11 de setembro, a agência opera com poderes ampliados neste segundo mandato Trump.

    Os agentes da ICE podem agir mascarados, sem identificação ou uniforme, e não precisam de mandado judicial, inclusive para prisões em escolas, hospitais ou locais de culto. Têm autorização total para se defender de manifestantes.

    As táticas da ICE são descritas como "militares" e "agressivas", comparáveis a uma "polícia secreta" que faz pessoas "desaparecerem". A revista cita exemplos de prisões arbitrárias, invasão a um restaurante em San Diego com gás lacrimogêneo e a prisão equivocada de um requerente de asilo guatemalteco, cujo carro teve o vidro quebrado com uma marreta, além da agressão a um jardineiro mexicano, que tem três filhos servindo no exército americano.

    A expansão da ICE reflete a prioridade de Trump no combate à imigração. Uma lei fiscal recém-aprovada destinará US$ 170 bilhões à ICE nos próximos quatro anos, tornando-a a maior força policial do país, permitindo duplicar a capacidade dos centros de detenção e contratar 10 mil novos agentes.

    "Longe demais"

    Apesar de 54% dos americanos considerarem que a ICE "vai longe demais", a Suprema Corte, de maioria republicana, tem apoiado a administração.

    No entanto, a opinião pública e as mídias sociais têm atuado como contrapoder, com organizações de defesa de migrantes filmando e divulgando prisões.

    Já a Nouvel Obs explica em editorial que a Europa se depara com um "enigma Trump" e uma "via estreita" para lidar com seu retorno. Líderes europeus ainda buscam uma estratégia entre a "resistência" e o "acomodamento" para salvar a aliança com Washington.

    Em editorial, a revista Le Point argumenta que as novas propostas de Donald Trump para impor tarifas alfandegárias de 25% à Europa, a partir de 1º de agosto, não são meramente uma operação comercial, mas sim um ato de guerra comercial contra a Europa com o objetivo explícito de enfraquecer e, eventualmente, desmantelar a União Europeia.

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  • Elite militar cresce na Ucrânia, mas Kiev enfrenta falta de armamentos e ainda depende dos EUA
    Jul 12 2025

    As revistas francesas seguem comentando, nesta semana, a guerra na Ucrânia. A L’Express publicou uma reportagem sobre a evolução da espionagem ucraniana. Com o título "Os serviços secretos de Kiev, nova pedra no sapato dos russos", o semanário destacou como o país de Zelensky tem atacado para se defender de Vladimir Putin.

    A publicação lembrou a operação “Teia de Aranha”, quando 117 drones foram usados em ataques sem precedentes no território russo. Um ano, seis meses e nove dias teriam sido necessários para preparar esta ação, que foi trabalhada em completo sigilo. Como resultado, quatro aeródromos russos foram bombardeados, com dezenas de aviões estratégicos destruídos. Em tom elogioso, a revista afirma que pouquíssimos serviços no mundo são capazes de operar ações de tal porte.

    De acordo com a L’Express, outro personagem que tem causado dor de cabeça nos russos é o chefe do serviço de inteligência militar ucraniano (HUR), Kyrylo Boudanov, famoso por suas operações arriscadas e por sua expressão enigmática. No fim de maio, a imprensa ucraniana afirmou que seu serviço foi responsável pelas explosões ocorridas no dia 30 daquele mês na base naval de Vladivostok, a quase 7 mil quilômetros da linha de frente. Menos de um mês antes, o HUR reivindicou a destruição de dois caças SU-30 no Mar Negro, graças a mísseis disparados por drones marítimos, um feito inédito no mundo.

    O HUR anunciava sua posição desde 2016, adotando como emblema uma coruja apontando uma espada sobre a Rússia. A escolha do animal noturno não foi por acaso: ele é um dos predadores do morcego, símbolo das forças especiais do serviço de inteligência militar russo.

    Ajuda americana

    Já a revista Le Nouvel Obs aborda o tema, mas com outro viés, destacando a dependência da Ucrânia da ajuda de outros países, como os Estados Unidos. A publicação aponta que os “caprichos” de Donald Trump levaram os EUA a anunciarem que, por conta do ataque ao Irã, não poderiam mais disponibilizar armas para Kiev, como se as operações militares do país tivessem ficado desfalcadas.

    A desculpa foi obviamente criticada por especialistas e, diante de um Vladimir Putin inflexível, o presidente norte-americano teve de voltar atrás. Ele anunciou, em 7 de julho, que a Ucrânia precisa ser capaz de se defender. Com isso, afirmou que seu país vai enviar mais armas de apoio a Kiev.

    A revista destaca ainda que antes do início de seu segundo mandato na Casa Branca, Donald Trump repetia que negociaria o fim da invasão russa na Ucrânia em 24 horas. Mas Cúpula da Otan, ele declarou aos jornalistas que isso deveria ser visto como uma piada.

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  • Medidas de Trump geram inquietude entre apoiadores e setor econômico nos Estados Unidos
    Jul 5 2025

    O presidente americano, Donald Trump, vem se destacando neste segundo mandato por medidas polêmicas, como a das tarifas alfandegárias e à caça aos imigrantes ilegais. Mas não sem alguma resistência, como mostram reportagens de revistas semanais francesas.

    A Nouvel Obs foi até Kennett, cidadezinha do cinturão da bíblica em Missouri, com dez mil habitantes, que apoiou o bilionário republicano com 80% dos votos na última eleição presidencial.

    Em 30 de abril, uma notícia abalou Kennett: a prisão de Carol, garçonete e faxineira, sempre presente em atividades ligadas à escola e à igreja. Nascida em Hong Kong, Ming Li Hui, seu nome verdadeiro, ela chegou aos Estados Unidos há 20 anos como turista. Casou-se com um mexicano e teve 3 filhos. Renovava seu visto de permanência regularmente. Mas não podia trabalhar e foi pega numa batida da polícia.

    “Não votamos para isso”, diz um habitante de Kennett.

    A mobilização da cidade chegou a ser notícia no New York Times. Habitantes de Kennett fizeram vaquinhas e protestos para ajudá-la. Finalmente, Carol foi solta, beneficiada por uma proteção temporária a cidadãos de Hong Kong.

    A revista francesa diz que a moral da história é curiosa, pois, apesar de os habitantes de Kennett terem defendido Carol, eles ainda apoiam Trump. O que culpam é a má execução da lei.

    Comércio interno tenso

    A revista L’Express vai para o lado econômico das medidas Trump. Os economistas já previam e os consumidores temiam que as tarifas alfandegárias do bilionário iriam chegar às prateleiras dos supermercados.

    No momento em que começam as encomendas para o final do ano, a situação é tensa. O setor varejista faz pressão em Washington. “O segmento está encurralado”, resumiu um consultor econômico à L’Express.

    A rede Walmart afirma que dois terços dos produtos vendidos em suas lojas são fabricados ou montados nos EUA. Ainda assim, a China, Vietnã e México, países sujeitos às novas taxas, estão entre seus principais fornecedores.

    Alguns comerciantes fizeram estoques, mas o dilema continua. Por enquanto, o impacto das tarifas ainda está contido, mas o braço de ferro continua. Especialistas dizem que os efeitos só serão sentidos no quarto trimestre.

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  • Conflito Israel-Irã evidencia marginalização e impotência do bloco europeu, analisa imprensa
    Jun 28 2025

    A mudança de discurso e de atitude de Donald Trump no conflito entre Israel e Irã é analisada pelas revistas semanais francesas, que salientam a marginalização e a "impotência" dos europeus nesse confronto. A situação deve "servir de lição" para a Europa, escreve o editorial da Le Point desta semana.

    Depois de muito hesitar, e contrariando seu discurso de que os Estados Unidos não voltariam a intervir militarmente em outro país, o presidente americano autorizou o bombardeio das instalações iranianas na noite de 21 de junho. Dois dias depois, decretou a entrada em vigor de um cessar-fogo entre Israel e o Irã.

    "Trump impõe seus métodos brutais a uma União Europeia lenta, corroída por suas contradições", critica a Le Point. Os europeus defenderam até o último momento a "ilusão" de uma solução do conflito israelo-iraniano "pela negociação", observa a revista. Mas o presidente americano descartou o bloco europeu, garantindo que ele não ajudou em nada, e privilegia as discussões diretas com Teerã.

    O recente episódio do bombardeio ao Irã e o cessar-fogo obtido pelo presidente americano levantam questões sobre a legitimidade do Serviço Europeu de Ação Exterior da União Europeia. "Neste mundo onde o que conta são as relações de força, os Estados Unidos deram uma lição de realpolitik inesquecível as chancelarias europeias", conclui o editorial.

    'Cartilha de guerra e paz' de Trump

    "E, no final das contas, é sempre Trump quem ganha", afirma a manchete da L'Express. A revista considera o presidente dos Estados Unidos o único capaz de destruir o programa nuclear iraniano e o único líder que ousou entrar em ação com esse objetivo.

    O especialista Jacob Heilbrunn, do think tank americano The National Interest, entrevistado pela L'Express, nega, no entanto, que Trump tenha se transformado em "um falcão neoconservador como o ex-presidente George W.Bush", que desencadeou a guerra contra o Iraque. Segundo ele, Trump não é uma "pomba da paz, sempre foi favorável ao uso da força e é um unilateralista que pensa apenas no interesse dos Estados Unidos".

    Na mesma linha, a Nouvel Obs publica a "cartilha de guerra e paz segundo Trump". A ofensiva americana surpresa contra o Irã precipitou a região e o mundo em um período de incertezas, ao levantar mais questões do que respostas, diz a matéria.

    A decisão do presidente "autoproclamado pacificador" de reativar a doutrina da "paz pela força" ao intervir no Irã "revela a realidade da política externa de Trump". O republicano quer, acima de tudo, "mostrar que os Estados Unidos são incontornáveis", o cerne do slogan "Make America Great Again", aponta a Nouvel Obs.

    Partidário da "paz armada", Trump impõe seu ritmo e iniciativas até contra a opinião de seus apoiadores, avalia a Le Point. A revista considera o bombardeio das instalações nucleares iranianas a decisão mais ousada do presidente americano desde que retornou ao poder.

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  • Com ataques ao Irã, Israel força remodelação incerta do Oriente Médio, explicam revistas francesas
    Jun 20 2025

    As edições semanais das revistas francesas Le Point, L’Express e Le Nouvel Obs abordam, sob ângulos distintos, a escalada do conflito entre Israel e Irã, revelando visões contrastantes sobre suas causas, legitimidade e consequências.

    Em dois editoriais, a Le Point exalta a ofensiva israelense como uma ação estratégica e necessária contra a ameaça nuclear iraniana, destacando o apoio tácito de países árabes e fragilidades do eixo antiocidental. A L’Express analisa os bastidores diplomáticos, o fracasso das negociações e o reposicionamento da França diante da crise. Já Le Nouvel Obs adota um tom crítico, denunciando a militarização crescente de Israel sob o governo de Benjamin Netanyahu e alerta para os riscos morais e geopolíticos de uma guerra preventiva.

    Com a imagem de Ali Khamenei em sua capa e a manchete "O crepúsculo dos aiatolás", a Le Point adota uma perspectiva fortemente favorável à ofensiva israelense, defendendo a legitimidade da guerra preventiva como resposta à ameaça nuclear representada pelo regime islâmico, há 46 anos no poder em Teerã.

    Israel é descrito como um pequeno Estado corajoso, isolado, mas determinado, agindo por sua sobrevivência e pela segurança regional. O autor do editorial destaca que vários países árabes, embora silenciosos, apoiam discretamente essa ação, expressando sua aprovação com frases de agradecimento a Israel. O texto critica a complacência de certos meios de comunicação ocidentais com o regime iraniano, qualificado como uma teocracia brutal e corrupta. Os perigos de um Irã nuclear são detalhadamente descritos pela revista, mas é impossível saber qual será o futuro do Oriente Médio após essa escalada.

    Como complemento, um segundo editorial da Le Point destaca que a frente antiocidental formada por Irã, Rússia, China e Coreia do Norte também está fragilizada: Pequim e Moscou, apesar de suas alianças com Teerã, evitam qualquer envolvimento direto no conflito. Desde o ataque de 7 de outubro de 2023 em Israel, a retaliação israelense enfraqueceu não só o Hezbollah, o Hamas e a Síria, mas também expôs divisões internas no eixo das autocracias, avalia a Le Point.

    Bastidores diplomáticos

    A L’Express foca nos bastidores diplomáticos e no fracasso das tentativas de mediação, especialmente a iniciativa do presidente francês, Emmanuel Macron, de junto com a Arábia Saudita atuar pela solução de dois Estados na região, por meio do reconhecimento da Palestina ao lado de Israel.

    A ofensiva israelense é apresentada como uma resposta à ameaça iraniana, com apoio tácito do Ocidente, mas também como um sinal da falência da via diplomática diante de um Irã considerado manipulador. A posição francesa, embora isolada, é descrita como equilibrada, mantendo a crítica à radicalização de Netanyahu e à crise humanitária em Gaza. A França, embora marginalizada por Israel, mantém uma posição equilibrada e pode pedir o retorno das sanções contra Teerã, estima a L'Express.

    Desrespeito ao direito internacional

    Em contraste com as outras publicações, a Le Nouvel Obs adota um tom crítico à estratégia militar de Israel, especialmente à condução de Netanyahu. O editorial denuncia uma escalada bélica contínua e uma ruptura com a postura defensiva histórica de Israel, que agora seria um novo agente de desestabilização regional.

    Embora reconheça a natureza autoritária do regime iraniano, a revista questiona a legitimidade de uma guerra preventiva e critica o unilateralismo israelense, comparando-o à invasão do Iraque em 2003. A ofensiva é vista como uma tentativa de Netanyahu de restaurar apoio interno e externo, mas à custa do direito internacional e da estabilidade regional.

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  • Musk perdeu mais que Trump com ‘divórcio’, dizem revistas francesas, que apostam em reconciliação
    Jun 14 2025

    O desentendimento entre o presidente americano Donald Trump e Elon Musk ganha destaque nas revistas francesas desta semana, que se questionam quem sai perdendo mais nesta separação.

    Para Le Point o divórcio entre os dois magnatas, ainda que esperado, é, na verdade, impossível. Os interesses econômicos e o destino do dono da Tesla e da Space X continuam ligados, afirma a revista.

    Musk era o herói dos Maga – seguidores do movimento Make America Great Again –, gastou U$ 200 milhões na campanha de Trump e mais U$ 100 milhões nas de outros candidatos republicanos. Mas sua passagem de "conselheiro sênior" de Trump na Casa Branca ao purgatório, de acordo com Le Point, não espanta ninguém: os dois maiores egos da América queriam ser o centro das atenções, dizem especialistas entrevistados pela revista.

    Para a publicação, Musk era útil para Trump porque canalizava a impopularidade, mas se tornou um estorvo, se desentendendo com membros do gabinete do presidente e se recusando a aprender as regras de Washington.

    A gota d'água foi a ostensiva oposição de Musk ao projeto de lei de orçamento de Trump, que estende os créditos de impostos do primeiro mandato e corta despesas públicas com o Medicaid, o plano de saúde do qual dependem 70 milhões de americanos.

    Tesla

    A disputa custou caro também para a Tesla. Em 5 de junho, os tuítes trocados por Musk e Trump fizeram as ações da marca caírem 14%, mostrando como a imagem dos veículos elétricos está ligada à de seu dono.

    Durante os meses de colaboração com a presidência americana, o milionário sul-africano assistiu impotente a imagem da marca ser manchada no mundo inteiro, com o aumento de atos de vandalismo contra os carros Tesla e suas concessionárias, levando até mesmo um grupo de proprietários franceses a processar Musk na Justiça.

    Para L'Express, não há mais volta. Os insultos entre Trump e Musk foram longe demais, diz a revista, comparando a disputa com uma luta de MMA. O presidente americano, mais resiliente e mais bem armado que seu ex-melhor amigo, não é do tipo que releva. A perda de Elon Musk custará mais caro a Donald Trump do que parece, analisa a publicação, porque o magnata da tech tinha duas armas potentes para calar os dissidentes do partido Republicano.

    A primeira representada por sua fortuna colossal de U$ 420 bilhões. A outra arma que o sul-africano disponibilizou para Trump foi sua rede social X que, com seus 600 milhões de usuários, representava um formidável porta-voz dos Maga.

    "Elon Musk é o Yevgeny Prigozhin de Trump", diz o especialista em geopolítica americano entrevistado pela L'Express, Jacob Heilbrunn, fazendo alusão ao mercenário russo, chefe do grupo Wagner, que foi por muito tempo próximo de Vladimir Putin, e morreu em um misterioso acidente de avião, após liderar uma rebelião contra o Kremlin. "Será que Elon Musk vai explodir em pleno voo?", pergunta a revista como conclusão.

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  • Fundos marinhos podem ser o novo eldorado econômico?
    Jun 7 2025

    Às vésperas de uma Conferência da ONU sobre os Oceanos, em Nice, no sul da França, de 9 a 13 de junho, as revistas francesas semanais trazem reportagens sobre a importância estratégica do fundo do mar, "um espaço de confrontação com drones, robôs e inteligência artificial", descreve a L'Express.

    A revista destaca que muito além do estudo do plâncton, correntes marítimas e baleias, navios científicos russos "fazem espionagem de infraestruturas submarinas que possam ser alvos para Moscou". É o caso do navio Yantar, que ao se aproximar da costa do Reino Unido, em novembro, foi cercado por barcos da Marinha Real. A reportagem explica como os países do Ocidente estão preocupados com manobras de guerra nas profundezas, como cortes de cabos de comunicação.

    A essa dimensão militar, soma-se "o interesse crescente das grandes nações pelos recursos minerais consideráveis e inexplorados que repousam nas profundezas dos oceanos".

    A revista L'Obs destaca que, em março, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto autorizando a exploração e extração de minerais fora da jurisdição americana, ou seja, em águas internacionais e "patrimônio comum da humanidade". Os números envolvidos na operação são impressionantes: 1 bilhão de toneladas de materiais coletados em dez anos, 100 mil empregos criados e um ganho de US$ 300 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB).

    O novo eldorado econômico?

    A conquista dos grandes fundos marinhos, o último espaço inexplorado do planeta, estaria começando? Muitos temem que sim, afirma L'Obs, acrescentando que se ninguém agir a tempo, essa será "a nova conquista do Oeste", onde o primeiro a chegar sairá ganhando.

    Enquanto os Estados Unidos veem o fundo do mar como o novo eldorado econômico, outros 33 países, entre eles a França, pedem cautela. Contudo, as discussões patinam há dez anos, no âmbito da Autoridade Internacional de Fundos Marinhos (AIFM), organização encarregada de definir as regras em águas internacionais e emitir eventuais licenças de exploração.

    Até hoje, apenas 25% dos fundos marinhos foram cartografados e 1% explorado, o que já é suficiente para abrir o apetite das grandes potências mundiais.

    Os ecologistas alertam, no entanto, que essas áreas nas profundezas do mar estão conectadas ao resto do planeta e modificá-las pode ter consequências aos ciclos biogeoquímicos da Terra.

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  • Trump e a Europa: entre o fascínio populista e o temor do isolamento militar
    May 31 2025

    As revistas francesas desta semana destacam novamente o governo do presidente norte-americano Donald Trump e as reações de políticos e da sociedade europeia às suas ações. Enquanto líderes da extrema direita adotam a mesma retórica conservadora, cresce a preocupação com a capacidade de defesa do continente. Estaria a Europa preparada para garantir sua própria segurança sem o respaldo dos Estados Unidos?

    Com o título “Trumpismo, uma franquia que galvaniza os europopulistas”, a revista L’Express destaca como a eleição de Trump inspirou políticos europeus. Na Romênia, George Simion, segundo colocado na eleição presidencial, se autodenomina o “Trump romeno” e apresentou um programa político muito semelhante ao do movimento “Make America Great Again”. Segundo a revista, caso tivesse vencido, ele se alinharia a líderes como o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e o dirigente eslovaco Robert Fico.

    Ainda segundo a L’Express, esses nomes tendem a se multiplicar, como indicam as recentes campanhas eleitorais, com o crescimento alarmante da extrema direita em todo o continente — em contraste com países como Canadá e Austrália, onde candidatos trumpistas têm fracassado.

    O semanário aponta que discursos nacionalistas simplistas, retórica inflamadamente antissistema e anti-elite, estigmatização da imigração e até promessas de “purificação da população” — como as feitas por André Ventura, líder do partido Chega, em Portugal — evidenciam que o trumpismo se tornou uma franquia em expansão na Europa.

    Insegurança diante da Rússia

    Por outro lado, a revista Le Point ressalta a crescente preocupação dos países europeus com a defesa do continente diante da ameaça russa, com destaque para a Polônia, que se tornou o principal ponto de entrada de equipamentos militares enviados pelos Estados Unidos à Ucrânia.

    Inicialmente vista como protagonista no apoio europeu a Kiev, a Polônia passou a ser também um alvo potencial e agora depende da Otan — especialmente dos Estados Unidos — para conter possíveis retaliações. O país tem investido fortemente em sua defesa, elevando os gastos militares de 2,7% para quase 5% do PIB em apenas cinco anos.

    Embora mais de 100 mil soldados norte-americanos estejam estacionados na Europa — 14 mil deles na Polônia —, não há garantias de permanência. Em visita a Varsóvia, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, alertou: “Nossos aliados europeus não devem presumir que as tropas americanas permanecerão aqui indefinidamente”.

    Diante desse cenário de incertezas, a Europa busca preservar os canais de diálogo com alas mais moderadas do governo Trump, na tentativa de garantir alguma estabilidade estratégica.

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