Presidência brasileira do Brics aposta em declaração final para confirmar coesão do bloco Podcast Por  arte de portada

Presidência brasileira do Brics aposta em declaração final para confirmar coesão do bloco

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A presidência brasileira do Brics quer uma declaração final de consenso de seus líderes na cúpula de chefes de Estado e de governo, que acontece do Rio de Janeiro, nos dias 6 e 7 de julho. O documento, que ainda não está fechado, é visto como manifestação de força e unidade do bloco de 11 nações do chamado Sul Global. Vivian Oswald, correspondente da RFI no Rio de Janeiro O encontro não terá a presença dos presidentes da China, da Rússia e do Irã em princípio. Mais uma razão, na avaliação do presidente Lula, para que a declaração do grupo seja abrangente, reforce apoio ao multilateralismo, à COP30, à reforma das instituições globais e uma parceria para pesquisas e combate a doenças geograficamente determinadas. Esses são temas prioritários da agenda brasileira. Desde o início deste ano, 11 países (Brasil, Rússia, Índia e China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã) muito diferentes entre si discutem as questões globais em um cenário geopolítico muito mais turbulento do que nas suas duas edições anteriores, de Kazan, na Rússia, no ano passado, e de Johanesburgo, na África do Sul, em 2023. Fontes do governo admitiram que ainda existem pendências a serem resolvidas, mas que a expectativa é a de que nenhuma delas impeça o acordo de todos em torno do documento. E ele é longo. Já estaria em mais de 80 parágrafos, o que é muita coisa para esses textos diplomáticos. Haverá ainda declarações separadas para Inteligência Artificial (IA) e COP30. Este são dois temas importantes para o Brasil. Tem também a previsão do anúncio de parceria para doenças socialmente determinadas e um memorando de entendimento sobre facilitação de comércio em moedas locais. A guerra comercial de Donald Trump e os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia azedam o ambiente, ao mesmo tempo que tornam necessária uma posição de conjunto, até para provar a relevância do bloco. É por isso que o Palácio do Planalto quer manter o foco nas mensagens que precisam ser emitidas em prol do multilateralismo e das reformas das instituições globais, além do apoio às prioridades do grupo. Para uma fonte do governo, o Brics tem uma capacidade de lidar com as questões de maneira mais equilibrada pela sua própria conformação. "As circunstâncias de momento colocam foco sobre a capacidade do Brics se manifestar”, disse. Aliás, embora já tenha divulgado uma nota conjunta depois dos eventos no Irã, o Brics deve mencionar o conflito em um parágrafo na declaração final. O texto não deve ser muito diferente do que já saiu. Segundo negociadores, não há muito espaço para se ir muito além do que já foi dito, a não ser que haja novos desdobramentos. Líderes ausentes As ausências, de Xi Jinping, da China, e de Vladimir Putin, da Rússia, assim como a do presidente do Irã e talvez de outros líderes do mundo árabe esvaziam um pouco a cúpula, mas aumentam a pressão para que a declaração saia. A falta do russo, contra quem existe um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), já era esperada. Mas não está descartada sua participação por vídeo. O que ainda atrapalha a conclusão do texto final é o mesmo tema que impediu que saísse um documento firmado por todos os chanceleres do bloco em abril desse ano no Rio. Egito e Etiópia, dois dos novos integrantes, não são favoráveis a posição consolidada no Brics (de antes de sua expansão) de que Brasil, Índia e África do Sul seriam candidatos a vagas permanentes em um conselho de segurança da ONU reformado. A avaliação do governo brasileiro é a de que é possível chegar-se a um termo comum. O tema deve ser negociado ao longo do final de semana. A programação será intensa. Estão previstas reuniões do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do Brics, que completa 10 anos, nos dias 3 e 4 de julho. Há também a reunião dos ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais, no dia 5, com a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Haddad ainda tem agendas bilaterais com seus homólogos da China, Rússia, Egito e Emirados Árabes Unidos. O presidente Lula, que está na Argentina, onde participa da cúpula de líderes do Mercosul, onde o Brasil assume a presidência temporária do bloco, chega do Rio nesta quinta-feira à noite, tem agenda doméstica na sexta, reuniões bilaterais no sábado (com agenda ainda a ser confirmada) e participa das sessões da cúpula do Brics no domingo e na segunda-feira. Entre países-membros, parceiros e convidados há mais ou menos 28 nações. Desses, em nível de presidente ou primeiro-ministro há a confirmação de dois terços até o momento.
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